Destaques da Semana
“Última estimativa: -1,6 por cento — 19 de julho de 2022
A estimativa do modelo GDPNow para o crescimento real do PIB (taxa anual ajustada sazonalmente) no segundo trimestre de 2022 é de -1,6% em 19 de julho, abaixo dos -1,5% em 15 de julho. A projeção agora do crescimento real do investimento residencial no segundo trimestre diminuiu de -8,8% para -10,1%. (FED Atlanta)”
“No primeiro semestre de 2022, o número de novas construções por área útil diminuiu 34,4% em relação ao ano anterior, para 664,23 milhões de metros quadrados, segundo dados do National Bureau of Statistics of China.” (18/07/2022)
Energia, Agrícola, Metais & Minérios Industriais e Fretes Marítimos
Nas últimas seis semanas o petróleo fechou em queda devido a expectativa de recessão global, mas especialmente em relação a China e EUA, como destacamos acima. De fato, o setor de construção civil, um grande indutor de crescimento, parece estar, em ambos os casos, estagnado.
O mercado sempre trabalhou com uma correlação forte entre todas as commodities e o US Dollar (USD). Nos acostumamos a olhar para o Dollar Index (DXY) e vê-lo com uma correlação inversa com os preços das commodities em geral, mas essa condição mudou fundamentalmente. Na verdade, não é o USD que se valoriza, é o Euro (EUR) que se desvaloriza, como ele representa 70% do DXY, ficamos com a impressão de que o USD se valoriza, mas em tese, é apenas uma impressão.
O ultimo relatório do CBO (Congress Budget Office), já comentado na Carta Mensal de Julho, seguindo as condições fiscais e monetárias atuais , o Tesouro Americano terá de emitir quase U$ 5 trilhões em dívida adicional (quase 20% do PIB) entre 2022 e 2024 para fazer frente aos encargos já contratados pelos pacotes do Governo Biden. Além disso, o FED, em tese tem mais uns U$ 4 trilhões em sua carteira em Treasury Bonds e Mortgage Back Securities para vender ao mercado. Sinceramente, esse emissor me parece precário, mas no caso, a Europa parece ainda pior, com a Alemanha, a âncora do EUR, escolhendo um caminho energético que no curto prazo poderá levá-la ao colapso econômico.
Então, no fim do dia, o EUR e o USD desvalorizam, mas o EUR ainda mais, daí a necessidade de elevação de juros pelo BCE.
Em relação as commodities, a situação de equilíbrio entre oferta e demanda de minério de ferro, aço e cobre, em relação a petróleo, gás natural e carvão é absolutamente diferente. O primeiro grupo teve sua oferta aumentada nos últimos anos e agora sobre com forte queda de demanda pela China, enquanto o segundo grupo, teve investimentos em expansão de capacidade abaixo do necessário nos últimos anos e a demanda retorna a níveis pré-covid – mesmo com recessão. Ou seja, as situações estruturais entre oferta e demanda nas commodities estão muito diferentes, mas tendemos a olhar o bloco e fazer sua correlação com o USD.
Enfim, o mercado pode estar errando muito, assim como foi com a inflação, em continuar seguindo modelos estatísticos com bases em correlações históricas.
Contratos Em Aberto – Petróleo WTI
Entra a semana de 12/07/22 e 19/07/22, a CFTC (Commodity Federal Trading Comission) divulgou que os Produtores, aumentaram levemente sua Posição Liquida Comprada em 2.500 contratos, enquanto os Especuladores (Assets) também aumentaram essas mesmas posições me 2.800 contratos. O número de contratos em aberto para os Especuladores soma 268,328, muito perto da mínima dos últimos 5 anos. Em tese, Produtores observam mais a relação oferta e demanda do mercado físico, enquanto, Especuladores tendem a observar mais os tópicos macroeconômicos, sendo assim, a queda que poderá ser observada nos gráficos ao fim do relatório, reflete as crescentes expectativas recessivas.
A volatilidade de 20 dias anualizada do WTI, fecho a semana em 22/07/22 praticamente estável em relação a 15/07/22 em 60%, depois de ter feito máxima em 13/04/22 a 65%.
Estabilização da volatilidade, que em 01/07/22 estava em 44%, junto com a redução forte das posições compradas dos Especuladores podem seguir indicando que, no curto prazo, “abaixo de $100” tem comprador.
Mercado
Energia
Petróleo (Brent) – Como os investidores ficaram de olho nos problemas do lado da oferta, os futuros do petróleo Brent caíram abaixo de US$ 104 o barril na sexta-feira, ampliando as perdas para uma terceira sessão devido ao enfraquecimento da demanda de gasolina nos EUA e crescentes preocupações com uma desaceleração econômica global. Apesar dos comentários de um importante enviado de energia dos EUA sugerindo confiança de que os principais produtores têm capacidade ociosa e provavelmente expandirão a oferta, o presidente Joe Biden não conseguiu obter um compromisso dos líderes árabes nesta semana para bombear petróleo extra. Depois de remover a força maior nas exportações de petróleo na semana passada, a National Oil Corp. da Líbia informou que a produção de petróleo foi retomada em vários campos de petróleo. Enquanto isso, os EUA estão desenvolvendo uma estratégia para controlar o preço do petróleo russo a fim de pressionar Moscou sobre sua invasão da Ucrânia. Dados oficiais mostraram queda na demanda de gasolina nos EUA em meio ao pico da temporada de verão, e os aumentos agressivos das taxas dos principais bancos centrais levantaram preocupações sobre uma desaceleração.
Gás Natural (NG – USA) – Em sinais de demanda mais forte do que o esperado, os futuros de gás natural dos EUA subiram de mínimos intradiários para uma nova alta de 5 semanas de US$ 8,1 por milhão de unidades térmicas britânicas. De acordo com o relatório de inventário semanal da EIA, as concessionárias adicionaram apenas 34 bilhões de pés cúbicos (bcf) de gás natural ao armazenamento subterrâneo na semana passada, significativamente menor do que a expectativa média do mercado de 47 bcf. Nos EUA, ondas de calor recordes aumentaram a necessidade de eletricidade para operar o ar-condicionado, o que levou as usinas a usar mais gás natural. Após um fechamento relacionado à manutenção de dez dias, a Gazprom retomou as exportações para a Alemanha através do vital gasoduto Nord Stream 1 na quinta-feira, encerrando a tendência de alta.
Gás Natural (TTF – EU) – Depois de cair para quase três semanas de baixa de € 145 no dia anterior devido à preocupação com o fornecimento de gás russo depois que a Gazprom retomou as exportações através do vital gasoduto Nord Stream 1, os futuros de gás natural da UE se recuperaram além de € 160 por megawatt-hora na sexta-feira. Putin, o presidente da Rússia, emitiu um aviso no início desta semana de que, se uma disputa sobre partes sujeitas a sanções não for resolvida, os fluxos de oleodutos poderão ser reduzidos para apenas 20% da capacidade no final deste mês. Os volumes ficaram em 40% da capacidade, o mesmo que antes dos trabalhos de manutenção, mas ainda muito abaixo dos níveis do início do ano. Além disso, a UE recomendou que os países membros reduzissem seu uso de gás natural em 15% e criou um gatilho necessário caso a situação piorasse. O contrato deve ganhar 2 por cento semanalmente, compensando algumas das perdas do declínio de 8,9 por cento da semana anterior.
Gás Natural (UK Natural Gas) – Na sexta-feira, os futuros de gás natural do Reino Unido continuaram a subir acentuadamente pela quarta sessão consecutiva, atingindo 335 pence por therm, o preço mais alto em mais de cinco meses, apoiado pela preocupação com a oferta russa e o aumento da demanda da UE. O volume do gasoduto Nord Stream estava operando a 40% de sua capacidade, o mesmo nível de antes dos trabalhos de manutenção, mas ainda muito abaixo dos níveis observados no início deste ano. Além disso, o presidente russo Putin emitiu um aviso no início desta semana de que, se uma disputa sobre partes sujeitas a sanções não for resolvida, os fluxos de oleodutos podem ser reduzidos para apenas 20% da capacidade no final deste mês. Embora o Reino Unido use sua capacidade extra de regaseificação para adquirir mais GNL e revendê-lo como gás natural para a Europa, os oleodutos que ligam a Grã-Bretanha à UE estão operando em plena capacidade. A previsão é que o contrato aumente mais de 60% na semana.
Gasolina (Gasoline RBOB – USA) –
Carvão (Coal Newcastle) – Os futuros de carvão de Newcastle, referência para a maior região consumidora do mundo, a Ásia, caíram de uma alta quase recorde de US$ 430 por tonelada, com especuladores revertendo algumas posições compradas em antecipação ao aumento da oferta, chegando a cerca de US$ 400 por tonelada. À luz do alívio das tensões e seus esforços para substituir os suprimentos da Rússia, a China, o maior consumidor de carvão do mundo, declarou que pode estar disposta a relaxar uma proibição de quase dois anos ao carvão australiano. No entanto, espera-se que a guerra na Europa Oriental cause interrupções contínuas no fornecimento mundial que manterão os preços do carvão altos. À medida que deixa de importar carvão da Rússia, a Europa procura cada vez mais carvão marítimo da África do Sul e até mesmo de lugares tão distantes quanto a Austrália. Após a recente escassez de eletricidade, a Índia, o segundo maior importador de carvão do mundo depois da China, registrou chegadas recordes de carvão térmico em junho.
Uranio (Uranium) – Os futuros de urânio seguiram o declínio mais amplo nos preços da energia, uma vez que as preocupações de uma severa desaceleração econômica pesaram sobre as perspectivas de demanda, caindo abaixo de US$ 47 por libra-peso em meados de julho, o menor desde o final de fevereiro e se aproximando dos níveis vistos pela última vez antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Apesar de ganhar a votação para ser incluída na taxonomia de energia verde da UE, as dificuldades de confiabilidade em produtores significativos erodiram a confiança do público na energia nuclear. O governo francês nacionalizou a gigante EDF para aumentar sua confiabilidade e fortalecer sua independência energética enquanto a Europa enfrenta uma crise energética. A produção da concessionária foi reduzida a mínimos decadais devido a problemas de corrosão, levando a empresa a entrar nos mercados atacadistas para vender eletricidade para residências. Enquanto isso, os investidores ainda estão de olho no fornecimento de urânio enriquecido da Rússia porque o Canadá proibiu as exportações russas e os EUA sugeriram que subsidiariam o urânio de produtores ocidentais que vão para as concessionárias.
Agrícola
Milho (Corn) – Após o relatório semanal do USDA que indicou um estado estável da safra dos EUA em sua fase crucial de polinização, aliviando as preocupações com a oferta global, os futuros de milho ficaram próximos ao nível mais baixo de 8 meses abaixo de US$ 6 por bushel. Além disso, a agência manteve sua classificação de 64% da safra de milho americana como em condições boas a excepcionais em relação à semana anterior. O relatório também observou que, embora a seca persista nas regiões ocidentais, apesar das expectativas de aumento das temperaturas, as chuvas de fim de semana no centro-oeste do leste beneficiaram as colheitas. O USDA aumentou suas previsões para os estoques globais de milho para 313,0 milhões de toneladas em seu relatório mensal publicado em 12 de julho, um aumento de 2,5 milhões de toneladas em relação às previsões do mês passado.
Trigo (Wheat) – Depois que a Rússia e a Ucrânia negociaram um acordo para retomar os embarques de grãos dos portos ucranianos no Mar Negro, os futuros do trigo de Chicago caíram para US$ 7,7 por bushel, ficando perto das mínimas de cinco meses em níveis anteriores à invasão da Ucrânia pela Rússia. Além de liberar espaço de armazenamento para a próxima safra de trigo, o corredor de comércio seguro permitirá à Ucrânia exportar mais de 20 milhões de toneladas de grãos que supostamente foram empilhados em silos portuários desde o início da guerra em 24 de fevereiro. Além disso, as previsões do USDA para o ano comercial de 2022-23 indicam um aumento substancial na oferta, exportações e estoques finais nos Estados Unidos e um declínio no consumo global. A virada negativa foi exacerbada pela safra recorde da Rússia, esperanças de impostos de exportação mais baixos e o anúncio dos EUA de que a Rússia não será sancionada por suas importações de grãos e fertilizantes.
Soja (Soybeans) – Com a demanda lenta e a dissipação das preocupações com a oferta, os futuros da soja de Chicago caíram se aproximando de US$ 14 por bushel, um preço não visto desde janeiro e mais de 25% abaixo do máximo de junho, de cerca de US$ 18. De acordo com os dados alfandegários mais recentes, as importações da China, o maior importador mundial de soja, caíram 23% em relação ao ano anterior em junho, principalmente as do Brasil, onde o mau tempo elevou o preço da commodity. Enquanto isso, as importações dos EUA aumentaram em junho, mas diminuíram no primeiro semestre do ano. Do lado da oferta, as previsões sugerem que chuvas benéficas podem cair em seções do cinturão de colheitas do Centro-Oeste dos EUA, potencialmente aumentando os rendimentos. Preocupações com uma desaceleração econômica mundial e a possibilidade de a Ucrânia retomar a exportação de grãos e oleaginosas aumentaram a tonelada negativa.
Metais & Minérios Industriais
Minério de Ferro (Iron Ore) – Os preços estavam em US$ 100 por tonelada para cargas de minério de ferro com teor de ferro de 63,5 por cento para entrega em Tianjin, um nível não visto desde dezembro passado, como resultado de preocupações contínuas sobre a fraca demanda do principal consumidor da China. Relatos de um pacote de estímulo considerável e compromissos anteriores de assistência política do maior produtor de aço do mundo continuaram sendo ofuscados por preocupações com surtos recorrentes de COVID-19 e baixa lucratividade nas siderúrgicas chinesas. Além disso, o mercado continuou a ser atormentado por preocupações crescentes sobre um provável declínio na demanda devido à recessão mundial.
Vergalhão de Aço (Steel Rebar) – Enquanto as autoridades chinesas trabalham para acalmar a turbulência no mercado imobiliário, os futuros do vergalhão de aço caíram acima do limite de CNY 3.800 por tonelada. Depois que um número crescente de compradores de imóveis em toda a China ameaçou parar de pagar os pagamentos de hipotecas de casas inacabadas, a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China aconselhou os bancos a conceder empréstimos a projetos imobiliários qualificados e atender às necessidades de financiamento dos desenvolvedores, quando aceitável. No entanto, apesar da demanda lenta, principalmente do setor imobiliário, os preços do aço ainda não estão longe de seus níveis mais baixos desde novembro de 2020, já que os investidores se apressam para descarregar a commodity à medida que se aproximam dos níveis pré-pandêmicos. No primeiro semestre de 2022, o número de novas construções por área útil diminuiu 34,4% em relação ao ano anterior, para 664,23 milhões de metros quadrados, segundo dados do National Bureau of Statistics (China). Fábricas na China reconstruíram estoques como resultado de interrupções causadas pelo conflito na Ucrânia e bloqueios de Covid-19, o que aumenta a visão pessimista.
Alumínio (Aluminum) –
Cobre (Copper) – Depois de atingir uma baixa de 20 meses de US$ 3,15 na semana anterior, os futuros de cobre aumentaram gradualmente para mais de US$ 3,3 por libra-peso na terceira semana de julho, enquanto o principal usuário da China tentava acalmar os temores sobre as dificuldades financeiras enfrentadas por seu setor imobiliário. Depois que um número crescente de compradores de casas em toda a China ameaçou parar de fazer pagamentos de hipotecas para casas inacabadas, a Comissão Reguladora de Bancos e Seguros da China aconselhou os bancos a conceder empréstimos a projetos imobiliários elegíveis e atender às necessidades de financiamento dos desenvolvedores, quando apropriado, no domingo. Apesar disso, os preços do metal vermelho ainda estão mais de 30% abaixo do pico de março, à medida que as preocupações com uma recessão global que drena a demanda continuam crescendo. Preocupações com uma recessão global foram levantadas como resultado do forte aperto dos principais bancos centrais para controlar a inflação altíssima, e a China ainda está lutando contra o COVID-19.
Posições em Aberto de WTI futuro na NYMEX
Toda sexta-feira a CFTC (Commodity Federal Trading Comission) divulga o mapa de todos os ativos negociados nos mercados futuros americanos. Vale ressaltar que essas posições se referem sempre a terça-feira da mesma semana.