Destaques da Semana
Energia
Ficamos todos ao longo dessa semana sobre a expectativa da reunião da OPEP em Viena, que no fim do dia pouco influenciou na variação semanal ou trajetória dos preços do petróleo. Afinal, a entidade já tinha avaliado em maio que a demanda deveria cair no fim de 2022. Então, subir apenas para atender os EUA, nunca fez sentido, como não fará, mas a midia ocidental adora “um nos contra eles” e assim será.
Gostaria de aproveitar a oportunidade e chamar a atenção para a variação dos últimos 30 dias do carvão em Newcastle Austrália, referência da Ásia. Foram “módicos” 27%! Por quê? Pela mesma razão que o Gás Natural nos EUA sobe semana a semana. Os EUA e seus exportadores estão direcionando navios de GNL (gás natural liquefeito) que até um ano atrás se dirigiam a Ásia e agora vão para a EU. Daí o spread EUA/EU vir caindo fortemente. Me atrevo a dizer que a mesma coisa ocorre com diesel, que desde a virada do ano os EUA exportam para a EU.
Então, como o GNL não chaga a Ásia, a queima de carvão naturalmente aumenta. Mas curiosamente a mesma coisa aconteceu no EUA, apesar de todo discurso e ação contra queima de fósseis. Dados recentes do EIA (Energy Information Administration) dos EUA apresentaram uma surpresa, a participação do carvão na matriz energética americana cresceu em 2021! O que me faz pensar que o problema se localiza na indústria de Óleo e Gás.
A informação que fica é muito simples: existe apenas um trade off entre carvão e gás natural, enquanto esperamos as grandes áreas de geração de energia eólica no Golfo do México, apesar dos furações!
Agrícola
A midia e os Governos de EUA e EU ficaram insistindo na crise humanitária que a Rússia provocaria em países pobres, especialmente na África. Mesmo sem fazer nenhum sentido, pois os interesses Russos e Chineses na África só crescem. A disputa por jazidas de inúmeros minerais no continente, são parte do que está por traz de toda a movimentação geopolítica recente. Sendo assim, bastou a Rússia controlar Mariupol, que o governo russo já cogita de liberar o Mar Negro para tráfego de navios e assim as 20 milhões de toneladas de grãos estocados em silos ucranianos sejam transportados.
Resultado, semana passada o trigo caiu 10% e o milho 7%, enquanto a ONU e o WEF ficam olhando calados.
Essa utilização sistemática de coisas serias como forma de desenvolver narrativas que deem suporte as ações do Governo EUA e EU já passou dos limites, pois apesar da liberação para exportações de grãos que já foram colhidos, o grande problema causado no mercado global de fertilizantes não desapareceu, está mais presente que nunca para as safras que serão colhidas a partir do 2º semestre de 2022.
Metais & Minérios Industriais
Vale destacar a alta do minério de ferro esta semana, foram 10%, com a esperada reabertura progressiva dos portos chineses. Fica aqui o recado que, o frete Blatic Capesize é um indicador relevante da tendencia das importações transoceânicas da China.
Fretes Marítimos
Shangai reabrindo, estabilizando Baltic Capesize, depois de recente alta forte e Harper pode estar virando para cima devido a demanda por navios porta containers.
Mercado
Energia
Petróleo (Brent) – Os contratos futuros de petróleo Brent subiram acima de US$ 121 por barril na sexta-feira, estendendo os ganhos para a terceira sessão e marcando um ganho de uma semana depois que uma reunião da Opep + rendeu apenas um ligeiro aumento na produção, apesar das expectativas de um aumento maior na oferta. Em julho e agosto, o grupo de grandes produtores optou por aumentar a produção em 648.000 barris por dia em vez dos 432.000 bpd originalmente planejados, um movimento considerado insuficiente para compensar a perda de oferta russa. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, sua produção caiu um milhão de barris por dia (bpd), e espera-se que diminua consideravelmente quando a proibição da UE ao petróleo russo entrar em vigor. Houve rumores de que os sauditas planejavam bombear muito mais como parte de uma redefinição das relações com os EUA e que a Rússia poderia ser dispensada dos acordos mensais de fornecimento da Opep +, mas nenhuma dessas coisas aconteceu.
Gás Natural (NG – USA) – No início de junho, os contratos futuros de gás natural dos EUA caíram para cerca de US$ 8,2 por milhão de unidades térmicas britânicas, quando novos dados mostraram que o gás mantido em instalações de armazenamento dos EUA cresceu mais do que o esperado na última semana de maio. Apesar disso, os preços da gasolina ainda estão altos, aproximando-se de uma alta de 14 anos de US$ 9,45, devido à forte demanda doméstica e internacional. A guerra da Rússia na Ucrânia resultou em uma escassez global de energia, com expectativa de que a demanda por GNL dos EUA continue alta, em parte devido à demanda da Europa por remessas dos EUA para ajudar a reduzir a dependência da Rússia. Enquanto isso, a produção média de gás nos 48 estados inferiores dos Estados Unidos caiu para 94,5 bilhões de pés cúbicos por dia até agora em junho, abaixo dos 95,1 bilhões de pés cúbicos por dia em maio. De acordo com o provedor de dados Refinitiv, isso se compara a um recorde mensal de 96,1 bcfd em dezembro de 2021. O volume médio de gás que flui para as usinas de exportação de GNL dos EUA aumentou para 12,7 bilhões de pés cúbicos por dia (bcfd) até agora em junho, acima dos 12,5 bilhões de pés cúbicos por dia em maio e uma alta mensal de 12,9 bilhões de pés cúbicos por dia em março.
Gás Natural (TTF – EU) – Os futuros de gás natural da UE têm oscilado em torno de € 85 por megawatt-hora, perto do menor nível desde 23 de fevereiro, e estão mais de 70% abaixo dos níveis recordes de cerca de € 350 atingidos no início de março, pois não há ameaça de corte do gás russo para países hostis, e os estoques têm aumentado à medida que os principais compradores europeus contornaram as sanções da UE abrindo contas em rublos. Apesar das recentes declarações da gigante russa de energia Gazprom de que cortará o fornecimento de gás para o comerciante de gás holandês GasTerra, Orsted da Dinamarca e Shell Energy por seu contrato de entrega de gás à Alemanha se não cumprirem as exigências do Kremlin, atualmente não há ameaça de fornecer. Enquanto isso, os líderes da UE concordaram em proibir 90% do petróleo russo até o final de 2022, com pequenas concessões feitas para permitir derivados de oleodutos e o prolongamento ou isenção do embargo para vários países.
Gás Natural (UK Natural Gas) – Como abundantes suprimentos de GNL encheram as instalações de armazenamento britânicas, os futuros de gás natural do Reino Unido permaneceram em 160 pence por therm, ainda mais de 70% abaixo dos níveis de pico de 800 estabelecidos no início de março. O Reino Unido tem maior capacidade de regaseificação excedente do que a Europa continental e está exportando o excesso de gás natural para a União Européia. Além disso, devido ao clima mais frio e menos ventoso, a demanda por aquecimento e uso de energia provavelmente diminuirá nos próximos dias. Além disso, apesar do anúncio da gigante russa de energia Gazprom de que cortará o fornecimento de gás para a empresa holandesa GasTerra, a dinamarquesa Orsted e a Shell Energy por seu contrato de entrega de gás para a Alemanha, os países europeus relataram que não há ameaça ao fornecimento. Os líderes da UE concordaram no início desta semana em proibir 90% do petróleo russo até o final de 2022.
Gasolina (Gasoline RBOB – USA) – Apoiados por uma oferta mais apertada e estoques em queda, os futuros de gasolina subiram para uma nova alta de US$ 4,28 por galão. À medida que o pico da temporada de direção se aproxima, a demanda nos Estados Unidos e na Europa está aumentando, mas a oferta de gasolina caiu inesperadamente em 0,711 milhão de barris, de acordo com as últimas estatísticas da EIA. Além disso, quando a União Europeia concordou com uma proibição parcial e faseada do petróleo russo, os preços do petróleo bruto estavam pairando acima de uma alta de 14 anos. Os contratos futuros de gasolina subiram mais de 20% em maio, marcando o sexto avanço mensal consecutivo.
Carvão (Coal Newcastle) – Os futuros de carvão de Newcastle, referência para a principal região consumidora da Ásia, consolidaram-se acima de US$ 400 por tonelada, quase US$ 20 abaixo de um recorde, ajudado pela forte demanda contínua e um ambiente de mercado cada vez mais apertado. O aumento dos preços do gás natural na Europa e na Ásia no final de 2021 impulsionou o consumo de carvão, juntamente com o aumento da demanda por geração de energia devido ao retorno da atividade econômica após a depressão induzida pelo coronavírus. Além disso, a invasão da Ucrânia pela Rússia e sanções econômicas sem precedentes, como o embargo da União Européia às importações russas de petróleo e carvão, desorganizaram o mercado global de energia. Ao mesmo tempo, influenciou os fluxos comerciais, pois a UE e o Japão buscaram alternativas de abastecimento da Austrália, Colômbia, Indonésia, África do Sul e EUA. No entanto, o aumento da produção dos principais clientes China e Índia deve ajudar a aliviar a escassez de oferta mundial e, no longo prazo, preços mais baixos.
Uranio (Uranium) – Os contratos futuros de urânio saltaram para US$ 49,8 por libra-peso no início de junho, acima da mínima de três meses de US$ 46,7 em 24 de maio, devido ao aumento da demanda, preços mais altos de enriquecimento e esperanças de que os fundos de urânio físico aumentem a atividade de compra. À medida que os casos de Covid diminuíram e os bloqueios nas grandes cidades foram reduzidos, esperava-se que a demanda da China, um grande produtor de energia nuclear, aumentasse. Pequim já afirmou que pretende construir 150 reatores adicionais até 2035, indicando que aposta na energia nuclear como meio de reduzir as emissões de carbono. Simultaneamente, os temores persistentes sobre as sanções russas ao combustível nuclear foram amplificados depois que os membros da UE concordaram com um embargo à importação de petróleo, levando os operadores de usinas de energia a continuar buscando contratos com conversores de urânio ocidentais. A Rússia foi responsável por 43% do enriquecimento global de urânio em 2020, de longe a maior parcela de qualquer país.
Agrícola
Milho (Corn) – Os futuros de milho estavam sendo negociados abaixo de US$ 7,5 por bushel, o nível mais baixo em oito semanas, já que os traders esperavam aumento da oferta após um relatório positivo do USDA e o levantamento das restrições comerciais entre os principais produtores. O plantio de milho estava 86% concluído em 29 de maio, praticamente igualando o ritmo médio de cinco anos de 87%, embora tenha diminuído em relação ao plantio de 94% um ano antes, de acordo com o último relatório de status da safra do USDA. Ao mesmo tempo, os comerciantes esperavam que as exportações de milho da Ucrânia, um dos maiores exportadores, fossem retomadas depois que o presidente russo, Vladimir Putin, sinalizou disposição de permitir que os navios de grãos ucranianos retornem aos portos do Mar Negro após serem proibidos. Em outras notícias, após anos de negociações, Pequim e Brasília chegaram a um acordo para iniciar os embarques de milho do Brasil para a China.
Trigo (Wheat) – As previsões da FAO Cereal Supply and Demand Brief diminuíram a produção de grãos, portanto, os futuros do trigo de Chicago subiram acima de US$ 10,6 por bushel, recuperando-se de uma baixa de quatro semanas de US$ 10,3 por bushel. De acordo com a análise, a produção mundial de grãos deverá cair pela primeira vez em quatro anos na temporada 2022/23, caindo 16 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, com arroz e trigo apresentando as quedas mais significativas. Ao mesmo tempo, os investidores reduziram suas expectativas de aumento da atividade econômica nos portos ucranianos, citando a probabilidade de o Ocidente não suavizar as sanções contra Moscou, bem como a exigência da Rússia de abrir corredores comerciais nos portos do Mar Negro e do Mar de Azov. Desde que o transporte marítimo foi bloqueado em 24 de fevereiro, quase 20 milhões de toneladas de grãos ucranianos se reuniram perto dos silos do porto. No entanto, previsões de maior oferta foram antecipadas na América do Norte, já que os produtores dos EUA devem mudar a capacidade agrícola do milho para o trigo após um pacto comercial entre a China e o Brasil que reduziu os preços do milho.
Soja (Soybeans) – Os futuros de soja em Chicago foram negociados perto de US$ 17 por bushel, mantendo-se perto de um recorde de US$ 17,5 estabelecido no final de abril, devido à forte demanda de exportação em meio à oferta limitada. Ao suspender uma recente proibição de exportação, o maior produtor de óleo de palma da Indonésia restabeleceria a exigência de reservar um volume específico para o mercado doméstico. Enquanto isso, de acordo com a previsão mais recente do USDA para a temporada 2022-2023, a oferta de soja melhorará, mas permanecerá apertada.
Metais & Minérios Industriais
Alumínio (Aluminum) – Os preços do alumínio vêm caindo desde o final de março, atingindo US$ 2.726 no início de junho, o nível mais baixo desde dezembro e uma queda de quase 29% em relação ao recorde do início de março, devido ao enfraquecimento da demanda e ao aumento da oferta. Após dois meses de bloqueios por coronavírus, a China está reabrindo gradualmente, mas não está claro se a economia poderá se recuperar totalmente. Ao mesmo tempo, a produção de alumínio da China atingiu um novo recorde em abril, com o afrouxamento das restrições às usinas, resultando no país ser um exportador líquido do metal, com vendas principalmente para a Europa. As fundições de alumínio na Europa, por outro lado, continuam a reduzir a produção devido ao aumento dos preços da energia, agravado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
Minério de Ferro (Iron Ore) – Os preços das cargas de minério de ferro com teor de ferro de 63,5% para entrega em Tianjin subiram para uma alta de cerca de US$ 145 por tonelada em um mês, devido às melhores perspectivas de demanda no mercado de metais como resultado do alívio das restrições relacionadas ao coronavírus e promessas de mais estímulo na maior consumidora China. Do lado da oferta, os principais exportadores Austrália e Brasil parecem estar produzindo abaixo da capacidade, enquanto a Índia aumentou as tarifas de exportação de minério de ferro e intermediários de aço.
Cobre (Copper) – Os futuros de cobre subiram acima de US$ 4,5 por libra-peso, um nível não visto em mais de um mês, impulsionado por baixos estoques e expectativas de maior demanda após o relaxamento de algumas restrições do Covid-19 na China, principal cliente. De acordo com os dados mais recentes, a atividade manufatureira da China desacelerou em maio e Xangai, o principal centro comercial do país, permitiu que todos os fabricantes retomassem as operações em junho. Os estoques de cobre nos armazéns registrados na LME caíram 6.250 toneladas para 156.175 toneladas no final da semana passada, enquanto os da Bolsa de Futuros de Xangai caíram 23,7 por cento em relação à semana anterior.
Posições em Aberto de WTI futuro na NYMEX
Toda sexta-feira a CFTC (Commodity Federal Trading Comission) divulga o mapa de todos os ativos negociados nos mercados futuros americanos. Vale ressaltar que essas posições se referem sempre a terça-feira da mesma semana.
Volatilidade caindo e posições em aberto se estabilizando, variando pouco, estamos para ver outro rally dos preços do petróleo.