Conclusão:
Estoques:
Nova queda nos Estoques Totais, porém menor, 1,3 Mbpd. Outro destaque é a queda das reservas estratégicas (SPR) em 3,7 Mb, reduzindo o ritmo das vendas diárias na semana passada para 0,55 Mbpd.
“Poderemos ver esse número chegar a 1 Mbpd.” Bom, agora isso é certo.
Na realidade, os 180 Mb que serão vendidos pelo Governo de suas SPR terão dois efeitos práticos: i) estenderão o horizonte de intervenção até, muito provavelmente, novembro de 2022 e ii) adicionarão mais 500 mbpd ao que estamos vendo desde outubro de 2021.
Vale recapitular, no 1º programa foram 30 Mb, no 2º 50 Mb e no 3º 180 Mb, somando até o momento, um compromisso de venda total de 260 Mb. Antes do 1º anúncio as SPR somavam 621Mb. Esse Governo, que acredita que combustíveis fosseis devem ser eliminados, já se comprometeu com a venda de 42% de seus Estoques Estratégicos, quem em tese, devem valer ZERO para o ele e o Partido Democrata.
Como o déficit ou superavit marginal dos EUA afetam profundamente os preços internacionais do petróleo, estamos a cada dia mais frágeis, mas “who cares?”
Cenário Global
“A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.” (3ª Lei de Newton)
É o que estamos vendo nesse momento, reflexo do preço dos combustíveis, alavancado por Putin. O custo da Transição Energética no curto prazo está se mostrando insuportável.
A população ocidental está se dando conta do seguinte: para limparmos a matriz energética ocidental teremos necessariamente que ficar mais pobres, seja pela compressão da renda via inflação, seja pelo aumento brutal de subsídios.
Esse custo está se refletindo nas eleições pelo mundo: nos EUA, onde os Democratas começam a aceitar um afrouxamento das demandas relativas ao aumento de produção interna, na França, onde o aumento do custo de vida vem marcando a queda de Macrón nas pesquisas, ou mesmo na Alemanha, onde Olaf Scholz começa a ser questionado no Parlamento Alemão. Lembramos que Scholz tomou posse a apenas quatro meses.
“On the Other hand”, relatório do IPCC (painel de mudanças climáticas) da ONU divulgado nesta segunda, 04/04, faz uma chamada forte no sentido do aprofundamento da Transição até 2030. Afirma que, o caminho atual nos levaria a um aquecimento 3° até o fim da década, o dobro do acordado na COP26 para 2050.
Gostaria de usar, apenas para fins de exemplo, os dados da necessidade em adição de energia eólica para o cumprimento da meta de 1,5° até 2030 relatado pelo IPCC.
Em 2020 e 2021 foram adicionados, na média, 94 Gw a capacidade GLOBAL, ao custo de U$ 100 bilhões ano. O IPCC argumenta que será preciso adicionar mais 2.600 GW até 2030. Seriam 290 Gw anuais, o triplo dos dois últimos anos, ao custo de U$ 308 bilhões anuais. Para o mundo atender aos cientistas do IPCC, serão, apenas em Capex para eólica U$ 2,5 trilhões até 2030. O argumento financeiro é que isso seria uma fração do PIB Global atual de U$ 84 trilhões.
A questão aqui é: Esse valor é apenas para colocarmos as torres Eólicas de pé, mas existe muito mais a ser feita, como por exemplo fortes investimentos em transmissão e armazenamento de energia. Ou seja, U$ 2,5 trilhões, é uma parte da pequena do PIB Global, mas ao mesmo tempo é apenas uma parte dos investimentos necessários.
A questão que está ficando cada dia mais clara é a seguinte: sem China e Índia, o esforço do ocidente será em vão e o sacrifício maior.
Esses dois países juntos representam: 36% da população mundial em 2022, 20,5% do PIB Global em 2020 (EUA 24%) e 38% das emissões de GEE em 2020.
Antes da COP26, o Governo Chines deixou claro que “segurança energética” estava a frente de “metas climáticas”. Na Índia, hoje 75% da geração de energia elétrica é a base de carvão.
Durante a COP26, a Primeira-Ministra da Indonésia (grande exportador mundial de carvão) disse que limpar a matriz do país iria requerer U$ 300 bilhões e que no Orçamento do país não existia espaço para tal investimento. Tal valor representaria 30% do seu PIB de U% 1,1 Trilhões e que estavam abertos a investimentos estrangeiros, mas os fundos europeus desejam mesmo são eólicas no Mar do Norte.
Enfim, em 2020 a Ásia (oriente) foi responsável por 51% das emissões de GEE, sem eles, vamos ficar gastando dinheiro e enxugando gelo. O que está acontecendo, é que a piora do custo de vida no ocidente acabará levando a agenda climática a um RETROCESSO, via eleições DEMOCRÁTICAS, onde o desejo do povo prevalecerá.
Apenas para fechar, venho insistindo que estamos onde estamos, única e exclusivamente porque os EUA estão produzindo internamente menos 1,5 Mbpd em relação ao fim de 2019, momento pré-Covid.
Em tese, os preços deveriam ter “chamado” aumento de produção e capacidade instalada em shale, para eles estarem produzindo acima dos 13 Mbp do fim de 2019. Isso não ocorre devido a disposição do Governo Biden e do Partido Democrata com sua agenda climática. Mas como na 3° Lei de Newton, a reação contrária começou.
Duas pesquisas do Gallup, recentemente divulgadas: A Seven-Year Stretch of Elevated Environmental Concern e Americans’ Energy Worries Surge, mostram a contradição que se refletirá nas eleições de novembro.
Enquanto a preocupação dos americanos com o meio ambiente se elevou desde a eleição de Trump, hoje, a preocupação com o acesso à energia coloca essa preocupação anterior em xeque.
Ou seja, convenceram a sociedade que temos que mudar, só não disseram o quanto custaria.
EIA Weekly Petroleum Status Report
Os estoques Comerciais subiram 2,4 Mb, com as SPR caindo 3,8 Mb desacelerando o ritmo das vendas para 0,55 Mbpd. Resultando numa queda de estoques Totais de 1,3 Mb.
Na realidade estamos vendo uma rotação de Estoques Estratégicos para Comerciais, já que Estoques Totais atingiram novamente a mínima desde 2010.
A produção de Petróleo Cru aumentou novamente em 100 mbpd (mil barris por dia) na semana passada. É sem dúvida um bom sinal para os preços, depois de permanecer estagnada por meses entre 10,5 e 10,6 Mbpd. Apenas vale ressaltar que ainda “tem chão” até os 13 Mbpd do início de 2020.
Estabilização da produção de derivados bem perto da média dos últimos 5 anos de 20,1 Mbpd.