Pontos relevantes:
O primeiro ponto relevante é a incorporação do último aumento dos combustíveis de forma direta nas expectativas, faltam agora percebermos os efeitos secundários.
O segundo está relacionado a mudança das expectativas de IPCA para 2023. A banda de Metas de Inflação do Bacen para 2023 é 1,75% – 4,75%. Sendo a projeção atual (final de março de 2023) 3,90%, um risco adicional que não tínhamos anteriormente se apresenta, o terceiro ano seguido acima do topo da banda. Vale ressaltar que, o IPCA de 2021 também ficou acima do topo da meta de 5% e em 2022 esse topo é 5%. Ou seja, em tese, o Bacen segue para seu segundo ano consecutivo acima do topo da banda. Se no meio de 2022 a inflação esperada para 2023 também furar o topo da banda, 1,75% – 4,75%, o Bacen ficará numa situação muito complicada no que diz respeito a sua credibilidade.
Para aquele leitor que entende que a Selic já está alta, vale ressaltar que, as altas projetadas para o 2º trimestre de 2022, em tese, afetam a inflação de 2023. Ou seja, se esta escapar da banda para 2023 ao longo do próximo trimestres, será necessária uma ação mais contundente do Bacen.
Projeções para o IPCA do Mercado
São 3 as categorias que já estão “rodando” acima do índice cheio para 2022 (7,14%): Itens Livres, Industrializados e Alimentação no Domicílio.
Destaque absoluto para Alimentação no Domicílio que em 30 dias, passou de 6,21% para 9,60%, isso sem o impacto total do último aumento de combustíveis no frete.
O salto na projeção mensal para março se deve majoritariamente ao último aumento dos combustíveis. As 3 categorias que sentem o reflexo disso são exatamente as que aumentaram suas projeções anuais significativamente.
Agora é esperar para ver os reflexos secundários desse último aumento, especialmente em Industrializados e Alimentação no Domicílio.
Por fim, volto a chamar a atenção para a deflação esperada para maio, pois as coletas de preços ao longo do mês irão definir a trajetória da inflação anual de 2022.
Reuniões do Copom
Acima vemos a curva esperada para as próximas reuniões do Copom para sexta-feira, dia 25/03/22, e as variações em pontos básicos sobre a divulgação anterior de 18/03/33.
Podemos observar em ambos os gráficos acima que, o mercado está revendo a queda da Selic para o ano de 2023, provavelmente porque, a chamada “potência” da política monetária esteja requerendo dos modelos mais juros para a convergência dos 3,90% projetados para 2023.