O primeiro ponto relevante é a constatação que, mesmo sob o provável efeito do último aumento de combustíveis, a projeção para março (mês corrente) ultrapassou a de fevereiro (último mês divulgado), um processo que só se tornou consistente em 2021 a partir de maio.

O segundo estaria relacionado a mudança das expectativas de Copom para 2023. Independente de não serem relevantes do ponto de vista de números de pontos básicos, pode começar a indicar ao Bacen que o mercado está vendo a necessidade de mais juros nominais para que a convergência à 3,75% aconteçam.

São 3 as categorias que já estão “rodando” acima do índice cheio para 2022 (6,71%): Itens Livres, Industrializados e Alimentação no Domicílio.

Destaque absoluto para Alimentação no Domicílio que em 30 dias, passou de 5,97% para 9,02%, isso sem o impacto total do último aumento de combustíveis no frete.

Infelizmente voltamos a dinâmica de 2021, mas bem mais cedo, onde as projeções do mês corrente começam a ficar acima do último mês divulgado. No caso, março ultrapassou fevereiro.

Sei que existe o argumento do último aumento de combustíveis. Mas se acredito que petróleo e a energia seguirão seu caminho de alta, não vejo esse último aumento na bomba como o último do ano. Além disso, os efeitos secundários sobre a inflação, por exemplo, alta generalizada do frete rodoviário, ainda estão longe de serem incorporados aos preços do varejo.

O objetivo desse “emaranhado” de linhas acima é exatamente destacar o seguinte efeito estatístico:

Percebam que, a medida as inflações de março e abril sobem, aumenta a queda ou deflação de maio. Isso acontece por um efeito de “base”, pois como comentado no gráfico anterior, o efeito do mês corrente superar a divulgação do mês anterior começou em maio de 2021, consequentemente, a “base” de maio de 2021 é relativamente alta.

Destaquei maio apenas para deixar claro que, para a projeção do ano fechado de 2022 permanecer nos níveis atuais, 6,71%, necessariamente teremos de ver deflação em maio, caso contrário, todos os números posteriores serão revistos.

Acima vemos a curva esperada para as próximas reuniões do Copom para sexta-feira, dia 18/03/22, e as variações em pontos básicos sobre a divulgação anterior de 11/03/33.

Podemos observar em ambos os gráficos acima que, o mercado está revendo a queda da Selic para o ano de 2023, provavelmente porque, a chamada “potência” da política monetária esteja requerendo dos modelos mais juros para a convergência dos 3,75% projetados para 2023.

Já mostrei esse estudo mais de uma vez, mas acho que vale novamente lembrar a razão pela qual não dou tanta importância as projeções de PIB para as análises de inflação e juros.

De um modo simples, o R² é uma medida que explica a relações entre variáveis, ou seja, quanto mais baixa (perto de zero) menor seria a influência de uma na outra. No caso do PIB Real e do IPCA, de 2000 a 2021, pouca influencia uma teve sobre a outra. A questão de “choques” fiscais e externos e dada com explicação para tal baixa relação, mas vejo como parte do “jogo”, então estaria embutida na relação.

No sentido de mais transparência, acima segue uma tabela com janelas de 5 anos e apenas entre 2015 e 2019, os efeitos de uma PIB Real fortemente negativo, 2015 = -3,55% e 2016 = -3,28%, foi capaz de influenciar a relação. Como ninguem espera, pelo menos ainda, PIB Real tão negativos a frente, a melhor escolha é deixar essa relação de lado.

Vale ressaltar um dado, percebam como o para os próximos 5 anos, 2022 a 2026, é altíssimo! Ou seja, mesmo com a evidência passada que essa relação explica pouco a influência de um sobre o outro, o mercado segue insistindo nisso.

Para fechar esse tópico, segue abaixo um outro gráfico interessante:

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