Vale ressaltar logo no início que toda análise se baseou em dados retirados do site da OPEC, ou seja, qualquer atribuição sobre análise tendenciosa ao trabalho sem dúvida virá da fonte.
A tabela abaixo apenas consolida dados oferecidos pela OPEC em valores líquidos, ou seja, já mostram a demanda liquida por país e região e as projeções deles para 3Q21, 4Q21 e 2022.
Abaixo apresento apenas os dados relevantes, pois na realidade algo entre 25%/30% da demanda global por petróleo vem da Asia e outros 10% da Europa. As Américas, nesse momento, seriam liquidamente irrelevantes na formação do preço global do petróleo, dado que, seriam autossuficientes. Isso em tese, pois existe diferenciação na qualidade do petróleo produzido no mundo.
Nesse sentido, além da OPEC, realmente a Rússia é relevante, pois é o player mais relevante fora da OPEC e OCDE, pois produz liquidamente algo perto de 8m bpd que são exportados, especialmente para a Europa.
Em 2020 a demanda global caiu 9,35% e de acordo com a OPEC vem se recuperando gradativamente chegando ao final do 4Q21 no mesmo nível de 2018/2019. A questão central é a oferta, então.
Notem na última tabela abaixo que, 2018, 2019 e 2020 os estoques de final de período foram positivos, ou seja, enquanto o mundo aumentava sua produção própria a OPEC reduziu em 2019 e muito mais em 2020. Acredito que fique claro que eles reduziram mais que o resto do mundo.
Em 2020, os países da OPEC reduziram sua produção em 3,7m bpd, enquanto o resto do mundo em 2,7m bpd, sendo que desse montante a Rússia foi responsável por uma redução de 800mil bpd, ou seja, ela sozinha foi responsável por 30% da redução do resto do mundo. No fim, OPEC+ foram responsáveis por 70% do ajuste feito em 2020.
Para fechar a análise, o controle do preço está totalmente na mão do cartel e mesmo adicionando uma produção de 2m bpd no 2º semestre de 2021, se a projeção de demanda estiver correta, chegaremos ao fim do ano com o estoque bem negativo, de quase 4m bpd, dado que o resto do mundo já vem recuperando sua produção, caberá a OPEC equilibrar o preço.
No mais, gostaria de chamar a atenção para China, pois eles e a Asia em especial, são os grandes formadores de preço no momento, substituindo os USA até a década de 2000.
Acho esse comentário de extrema relevância, pois hoje, a China tem uma demanda equivalente a 70%/75% dos USA e produz apenas 25% da produção doméstica USA. Isso sem colocarmos na conta a energia gerada pelo carvão. No fim do dia, a pressão da comunidade internacional em relação a descarbonização recai muito mais sobre os USA que sobre a China.
Então fica a pergunta: Será que a China não lançou o “maior” mercado de crédito de carbono do mundo por que na realidade sabe que será impossível cumprir com os compromissos de descarbonização até 2030 e 2050 e está trazendo para o maior mercado como um hedge?
Rio de Janeiro, 22 de julho de 2021