Nessa segunda parte, o objetivo será falar de acontecimentos macroeconômicos e geopolíticos e suas possíveis consequências ao longo as semanas que passou, semana de abertura do World Economic Forum em Davos.
Alguns fatos ou comentários bastante relevantes foram vistos, começando pela viajem de Joe Biden ao Japão, que quando questionado sobre a possível defesa armada de Taiwan, deu como resposta o sim. De fato, foi uma provocação aberta a China. No dia seguinte, ele finalmente declarou que o preço dos combustíveis é reflexo da Transição Energética e que permanecerão assim por algum tempo, mas era um mal necessário para atingirmos uma economia verde.
A partir dessa declaração, fico livre para falar mais abertamente e não ser chamado de “conspirador” ou “negacionista”.
Ao mesmo tempo, no WEF, Elizabeth Cousens, presidente da Fundação das Nações Unidas, disse, “A ONU está tentando, mas precisa haver uma resposta muito mais ambiciosa para o que já é uma crise humanitária catastrófica”, durante uma discussão ao vivo do Global Stage organizada pela GZERO em parceria com a Microsoft. A referida crise catastrófica é a mais do que anunciada crise alimentar. A crítica foi direta aos países que estão restringindo exportações de alimentos e fertilizantes e causando tal cenário catastrófico. Note-se aqui que a crítica é direta as prioridades de segurança alimentar e energética sobre metas climáticas.
No mesmo dia, a gigante de fertilizantes norueguesa YARA disse, que “os doadores precisam urgentemente fechar a lacuna de financiamento de 10 bilhões de dólares do programa alimentar da ONU para evitar uma catástrofe”, culpando é claro, “as sanções aos fertilizantes russos e os problemas de exportação de grãos da Ucrânia”.
Então se essa crise, era completamente imprevisível (sarcasmo), pois as sanções à Rússia retiraram 15% da oferta global de fertilizantes, poderia ser uma surpresa? Gostaria de adicionar mais dois fatos relevantes já cobertos pelo Wolfpicks: i) em outubro de 2021 a China parou com suas exportações de fertilizantes, ii) outro grande exportador de fertilizantes, especialmente Ureia (nitrogenado), é mais uma país sancionado, a Bielorrússia.
O mais curioso é que a mesma YARA, em setembro de 2021, cinco meses antes do conflito na Europa, disse que reduziria a produção de amônia na Europa em 40% devido à alta dos preços do gás natural e que estaria trazendo o produto de suas plantas em Trinidad, Estados Unidos e Austrália. Apenas para lembrar, naquela época o preço do gás natural nos EUA estava muito abaixo dos níveis atuais. Enfim, a opção de gás mais caro, naquele momento, na Europa foi uma decisão absolutamente de seus governos, bloqueando o fluxo do então novo gasoduto Nord Stream 2.
Surreal é termos de escutar a ONU, o G7, o WEF e a YARA colocando 100% da culpa no conflito, quando a decisão da sanção não foi da Rússia.
Enfim, de duas uma: ou esse pessoal da ONU, da OTAN e do G7 são muito incompetentes que tomaram decisões das quais não mediram as consequências (muito improvável), ou no fim do dia provocaram uma crise alimentar catastrófica com o objetivo de unir países contra as potencias da Ásia: China, Índia (que restringiu a exportação de trigo) e Rússia.
Como o próprio Biden já declarou que a alta preço dos combustíveis é “transitório”, assim como foi inflação, posso ficar tranquilo em dizer, sem medo de críticas, que certamente a segunda opção faz mais sentido. O G7 provocou essa crise alimentar catastrófica com o objetivo de unir o “mundo” contra os países que estão colocando a segurança alimentar de seus países à frente da segurança alimentar global e principalmente de metas climáticas.
Dados
Gostaria de fazer uma pequena pausa no raciocino para incluir alguns dados que serão de grande relevância para a conclusão.
Os países membros do G7 são: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, embora a União Europeia também esteja representada.
No oriente ou Ásia, os maiores potenciais fora do G7 são: Rússia, China e Índia.
Como podemos ver na tabela acima, em 2020, as Potencias Asiáticas emitiram 87% mais GEE (gases de efeito estufa) que os países do G7.
Conclusão
Então o que teria em comum, preços altos de petróleo, Transição Energética, evento catastrófico de fome nas nações mais pobres e uma crise militar no Pacífico Sul?
Hoje, 27/05/22, a CNN trouxe um artigo sobre o início da viagem diplomática por varios países insulares do Pacifico do ministro das Relações Exteriores chinês Wang Yi. Ela se iniciou em 26/05, e se estenderá até a próxima semana, quando deverá ser debatida, em reunião com outros Chanceleres da região, um amplo acordo de segurança regional proposto pela China. Ou seja, enquanto Joe Biden, como bom falastrão que é, faz bravatas em relação a Taiwan, a China pretende se organizar antes de responder. A diferença entre a política externa americana e chinesa é gritante.
Dito isso, deveríamos nos preparar para uma guerra, mesmo que “fria”? Provavelmente sim.
Mas voltando a ligação entre os fatos. Está muito claro que a midia ocidental, o G7 e em especial os influentes empresários reunidos em Davos estão se preparando para nova narrativa. Dessa vez, muito mais contundente.
Seremos nós, do ocidente, que além de defender a democracia, que agora pretende uma Lei de Terrorismo Interno, passaremos agora irá defender as metas climáticas e a fome no mundo militarmente?
Como vimos pelos dados acima, o G7 tem 9,9% da População Mundial, emite 22.51% de GEE, mas tem 45,8% do PIB Global, agora deseja impor a todo o planeta suas ideias, mesmo que esse grupo tenha uma emissão de GGE per capta muito acima das Potencias Asiáticas.
Esse grupo de países, consolidados no WEF, estaria disposto a ir a Guerra contra Potencias Asiáticas que serão acusadas por eles de não serem solidárias, de pensarem primeiro em sua própria segurança alimentar e energética e que em termos perca pitos emitem muito menos GEE do que esse grupo que domina o PIB Global.
E tentarão nos convencer de que isso é para o nosso bem, para que eles salvem o planeta dessas nações que pensam apenas nelas mesmas e não num mundo global (depois a teoria do Globalismo era teoria conspiratória). Quem as potencias que estão se colocando contra seus planos de um Governo Global estão na realidade prejudicando o planeta e as populações mais pobres.
Cada um dos leitores pode chegar a sua própria conclusão, mas acho que essa semana, o G7, a ONU, o WEF e Joe Biden, deixaram claro seus planos expansionistas, e usarão como como instrumento de engajamento a empatia e a solidariedade, ou a falta destas, mas acho que terão uma surpresa em breve.