Proposta IEA

A IEA (Agência Internacional de Energia) é um órgão de pesquisa, estratégia e criação de projetos de energia da OCED (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) fundado em 1961 pelos seguintes países: Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha Ocidental, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos.

Após a COP26 de 2021, a agência foi enfática em dizer que a transição energética deveria ser aprofundada de qualquer maneira e a todo custo, apesar dos presidentes de China e Rússia não terem participado fisicamente da conferência.

Em 03/02/22, a IEA lançou um plano de 10 pontos para reduzir a dependência europeia do gás russo em 1/,3 já em 2022. De acordo com dados da própria IEA, em 2021, a EU importou um total de 140 bilhões de metros cúbicos (bcm) da Rússia e proposta é de reduzir essas compras em 50 bcm, ou seja, os 1/3 esperados.

Mas, dos dez pontos propostos, a redução efetiva seria com três itens:

2. Substitua os suprimentos russos por gás de fontes alternativas (importação GNL) [Impacto: Aumenta o suprimento de gás não russo em cerca de 30 bilhões de metros cúbicos em um ano]

4. Acelerar a implantação de novos projetos eólicos e solares [Impacto: Reduz o uso de gás em 6 bilhões de metros cúbicos em um ano]

5. Maximize a geração de energia a partir de bioenergia e nuclear [Impacto: Reduz o uso de gás em 13 bilhões de metros cúbicos em um ano]

Fazendo a conta, esses três itens somam os 50 bcm anuais, ou 100% do proposto. Vale ressaltar que, a base da proposta é o aumento de importação GNL (Gás Natural Liquefeito) e que no momento, a EU ainda terá de construir os terminais portuários para dar suporte a esse crescimento.

Durante o inverno do hemisfério norte, as importações de GNL da EU cresceram muito, os USA se tornaram o maior exportador mundial de GNL, exatamente para ajudar a EU a não comprar mais gás adicional da Rússia no mercado spot (à vista). Ou seja, a proposta da IEA, OCDE e OTAN, é de redução do volume de compras atual, ou seja, trocar o fornecedor, então tem de aparecer a “carga nova”.

Não se trata apenas de aumento da capacidade de produção de gás em si, mas também de investimentos na infraestrutura de liquefação e posterior gasificação. Além é claro de navios apropriados para o transporte marítimo de GNL.

Mas será possível fazer isso na velocidade proposta pela IEA? Acho pouco provável. Normalmente leva pelo menos de 3 a 4 anos para esse tipo de investimento em capacidade e infraestrutura maturarem, exatamente por isso, novos fornecedores como o Catar e os Sauditas, planejam a venda para 2025, 2026 ou 2027.

Subsídio Global

“A agência projetou em novembro que os subsídios aos combustíveis fósseis subiram a maior taxa anual de todos os tempos em 2021, para US$ 440 bilhões, à medida que governos de todo o mundo tentavam proteger os consumidores dos aumentos de preços em benefício do consumo e da poluição”.

Na conta “grossa”, o preço médio do Brent em novembro foi de $ 80,85 o barril, contra $ 110,70 em março até dia 18/03. Em tese, um aumento de 37% entre novembro e março. Se aplicarmos linearmente essa variação sobre o total do subsídio esperado para 2021, e assim corrigindo o valor para 2022, estamos falando de um valor adicional em 2022 de US$ 163 bilhões. O valor total para 2022 seria de US$ 603 bilhões em subsídios globais. (E nos aqui discutindo Petrobras!!!)

Mas, seguindo nossos “amigos” da IEA em março de 2022. No dia 16, eles “avisaram” os países membros, e ao mercado, que em abril o mundo poderia ver uma queda de oferta de 2,7 Mbpd de petróleo cru e derivados devido a paralização das importações russas. Nos dois dias seguintes, o Brent subiu 10%.

Mas não parou por aí. Na sexta, 18/03, a IEA saiu com as seguintes recomendações para redução da demanda de petróleo e derivados de modo a compensar a perda da oferta: “As recomendações – que incluem limites de velocidade mais baixos, trabalho em casa, dias sem carro nas cidades, transporte público mais barato e mais caronas – podem reduzir a demanda de petróleo em 2,7 milhões de barris por dia em quatro meses, disse a AIE.”

Para quem não viveu o choque do petróleo na década de 1970, tais recomendações são uma novidade, mas foram exatamente as mesmas demandas feita pelos Governos 40 anos atras, que no fim do dia, impactaram pouquíssimo nos preços à curto prazo, mas foram pilares das mudanças que vimos nas décadas seguintes, como a expansão da indústria automobilística japonesa e coreana pautada em carros menores e mais econômicos.

Parece que nossos amigos da OCDE pesaram muito mal os riscos econômicos da guerra e do bloqueio as exportações russas, pois o preço da energia deve seguir subindo, mesmo se o conflito armado terminar, mas as sanções não, afetando o crescimento econômico dos próprios países que compõe a OCDE.

Solução de curto prazo

Talvez uma solução de curto prazo para esse problema tenha sido dada pelos EUA, pois podem estar repensando o aumento da produção local de fósseis, como noticiado dia 18/03.

De qualquer forma, mesmo que a produção de shale volte rapidamente aos níveis de final de 2019, serão adicionados apenas 1,5 Mbpd, metade da oferta que a IEA acredita que ficará fora do mercado em abril.

Se os EUA voltarem a produzir mais shale oil, será um golpe político para Joe Biden, poucos meses antes das eleições de novembro, por isso, prefiro esperar para ver antes de comemorar.

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