Em 07/09/2021 publiquei um texto chamado PETROBRÁS e a GOVERNANÇA – Parte 01 (https://wolfpick.net/2021/08/07/petrobras-e-a-governanca/ ) cujo os objetivos eram: i) criticar as expectativas negativas do mercado em relação ao novo CEO, o General Silva e Luna e ii) debater o quanto a Lei das Estatais (Lei 13.3030 de 30/06/16) estaria alinhada a nova ideia de Capitalismo de Stakeholders.

A ideia de função social de realização do interesse coletivo”, contida na Lei, reflete muito bem o Capitalismo de Stakeholders e o entendimento que o cliente também é um stakeholder.

Meses se passaram e ficou confirmada que a administração da companhia, liderada pelo General, seguiu a estratégia da manutenção do alinhamento dos preços internos dos derivados aos preços internacionais, uma hipótese contestada na época.

Mas Governança, especialmente numa empresa de capital misto, com a tradição de interferências políticas que temos no Brasil, é mutante, pois a autonomia dada a administração pelo controlador muda. Nos últimos 25 anos tivemos administrações que tiveram objetivos privados e outras que preferiram usar a companhia para interesses políticos.

Infelizmente podemos estar diante de nova mudança na Governança da companhia, refletida na forma de gestão.

Fiquei muito surpreso quando li nos jornais sobre a indicação do novo Presidente do Conselho de Administração, que deverá ser eleito na próxima AGO em abril. Não pela sua competência, pois se trata de um ex-funcionário de carreira da companhia, mas sim pelas ligações com a administrações anteriores, especialmente entre 2003 e 2015, quando a influência política na gestão da Petrobras ficou mais do que visível.

Os jornais de hoje trazem a saída do atual CEO, General Silva e Luna, que vinha fazendo um trabalho brilhante e a possível troca de diretorias como consequência natural da mudança do CEO.

Cabe ressaltar que, nesse momento, o deja vú de influência política é sem dúvida mais presente que em agosto de 2021, mas saberemos ao certo apenas em abril.

Governança não é um punhado de indicadores, ou uma estrutura formal com comitês que dão suporte as decisões do Conselho de Administração, ela é a maneira pela qual qualquer companhia escolhe como conduzirá seus negócio. Como todo seu staff, do CEO ao estagiário, se comportará na condução dos negócios no dia a dia. É uma escolha ética, muito mais que a estrutura de governança em si.

Isso é a Cultura da companhia, pois o sistema de pesos e contrapesos expresso na estrutura de governança montada, tem de estar respaldado pela ética individual e cultura de todo o staff, mas sem dúvida o exemplo deve vir primeiro de cima.

Sendo assim, no caso da Carteira Recomendada da BRL, preferimos não ter mais PETR4 após a divulgação da indicação do novo Chairman, pois os riscos de intervenção política cresceram muito. Mesmo depois de defender o trabalho das gestões pós 2018, agora mais que nunca o risco de utilização política da companhia cresceu. Não estou me referindo especificamente a política de preços e paridade internacional, pois hoje pode ser considerado um recurso aceitável, mas sim pela possível utilização da companhia para atendimentos políticos locais e não para “função social de realização do interesse coletivo”.

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